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Anticoncepcional X Trombose

Anticoncepcional X Trombose

ANTICONCEPCIONAL X TROMBOSE

22 de novembro de 2016

Ginecologista fala sobre a relação entre os métodos anticoncepcionais e os riscos de desenvolver a trombose

As mulheres estão cada vez mais conscientes de que as pílulas anticoncepcionais (contraceptivos hormonais orais) aumentam o risco de trombose venosa profunda, que é quando o sangue “coagula” dentro das veias. A gravidade dessa doença pode ser desde mínima até morte súbita, passando pela possibilidade de deixar sequelas. Contudo, apesar do aumento no risco de trombose, os anticoncepcionais são considerados medicamentos muito seguros e podem ser comprados sem receita médica.

A trombose venosa profunda (e uma de suas complicações, a embolia pulmonar) é tão rara que, mesmo com o aumento do risco devido ao anticoncepcional, continua caracterizada como rara. Além disso, a gravidez também aumenta o risco de trombose ainda mais do que a pílula anticoncepcional e ninguém deixa de engravidar por causa disso.

Recentemente, foi publicada uma pesquisa sobre o assunto que identificou dois grupos de pílulas anticoncepcionais: as mais antigas, que combinam etinilestradiol a levonorgestrel, noretisterona ou norgestimato, aumentavam o risco de trombose em 150%, enquanto aquelas mais modernas, que combinam etinilestradiol a desogestrel, gestodeno, drospirenona ou ciproterona, aumentavam esse risco em 300%.

As implicações disso variam de uma mulher para outra. No caso das que estão usando pílulas anticoncepcionais prescritas por médico, não faz muito sentido mudar de imediato. Se o profissional prescreveu, ele deve ter tido um bom motivo.

Os anticoncepcionais intrauterinos, mais conhecidos pela sigla DIU (dispositivo intrauterino), são, atualmente, um dos métodos mais seguros e eficazes para evitar uma gravidez. Estudos mostram que em cinco anos de uso, a taxa de sucesso contraceptivo do DIU é de 99,3%, mais elevada que a maioria dos outros métodos anticoncepcionais reversíveis, incluindo a pílula e a camisinha. Apenas métodos não reversíveis, como a laqueadura tubária, apresentam eficácia.

O DIU é um pequeno dispositivo de plástico em forma de T que costuma ser revestido com o metal cobre. No caso do SIU (DIU Mirena), este é revestido com o hormônio progesterona, motivo pelo qual também é conhecido como DIU hormonal.

O dispositivo não interfere com o sexo, tem elevada taxa de aceitação a longo prazo e pode ser usado por mulheres que querem ou precisam evitar a administração de estrogênio, como ocorre com o uso dos anticoncepcionais hormonais, sejam eles em comprimidos ou injetáveis. Além de todas essas vantagens, o DIU é uma das opções contraceptivas com melhor custo-benefício.

A quantidade de cobre ou progesterona liberada pelo DIU é muito baixa e fica restrita ao útero, havendo mínima absorção para a circulação sanguínea. Além disso, ao contrário do que muita gente pensa, o DIU não é um método abortivo, exercendo seu efeito anticoncepcional de diversas formas, como, por exemplo:

Alterações no muco cervical (muco do útero), estimuladas pelo cobre ou pela progesterona, que inibem a mobilidade dos espermatozoides, dificultando a sua chegada ao óvulo;
Irritação crônica do endométrio (parede do útero) e das trompas de falópio, que têm efeitos espermicidas, inibem a fertilização e a implantação do ovo no útero;
Atrofia e adelgaçamento glandular do endométrio, que inibe a implantação do ovo ao útero;
Efeitos diretos no ovo, impedindo sua evolução para embrião.
O dispositivo intrauterino, portanto, age inicialmente impedindo o encontro do espermatozoide com o óvulo. Caso o haja falha nesta parte, o DIU atrapalha o processo de fecundação do óvulo. Se também houver falha nesta fase, ainda consegue impedir que o ovo fecundado evolua ou se implante no útero. É exatamente por agir em mais de uma fase do processo de geração da gravidez que ele é um método contraceptivo tão eficaz.

O DIU pode ser inserido em qualquer momento do ciclo menstrual, contanto que se tenha certeza de que a paciente não está grávida. A sua eficácia é imediata, independentemente do momento do ciclo.

Mulheres com DIU podem se submeter à realização de ressonância magnética, mesmo aquelas com DIU de cobre. A quantidade de metal é mínima e não provoca complicações.

Um dos fatores que têm feito mais mulheres optarem pelo DIU recentemente é a ausência do risco de trombose associado a pílulas anticoncepcionais, pois o dispositivo só libera o hormônio progesterona e o hormônio relacionado à trombose é o estrogênio.

Por Dr. Rodolfo Sales Alago
Ginecologista e Obstetra
Chefe do Departamento de Cirurgia Ginecológica do Hospital Cruz Azul

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