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Fibromialgia

Fibromalgia

FIBROMIALGIA: ENFRENTANDO O FANTASMA

22 de dezembro de 2016

Reumatologista da Cruz Azul fala sobre a caracterização e os cuidados com a fibromialgia

Uma das delícias da vida é comer bem, cultuar a arte culinária como um verdadeiro “masterchef”, uma grande tendência nos dias atuais, misturando os temperos e ingredientes para obter o melhor de uma refeição. Fazendo um paralelo com as condições dolorosas comuns em consultórios, elas também têm seus ingredientes, porém, para infelizmente proporcionar uma queda na nossa qualidade de vida e no nosso humor. Juntando o estresse do dia a dia, as preocupações do nosso cotidiano, depressão ou ansiedade, associada ao mau condicionamento físico, transtornos do sono, peso corporal em excesso, produzimos uma “iguaria” cada vez mais frequente, conhecida como “fibromialgia”.

Enfim, o que vem a ser fibromialgia? É de fundamental importância reconhecermos que esta síndrome (conjunto de sinais e sintomas) vem sendo cada vez mais diagnosticada nos serviços de atendimento médico, principalmente nas especialidades que lidam com dor muscular e do esqueleto, como a reumatologia, ortopedia, fisiatria, neurologia e, também, no atendimento geral.

Classicamente, a fibromialgia é definida como a presença de dor generalizada e crônica nos quatro quadrantes do corpo e na região da coluna vertebral, com duração de, pelo menos, três meses e pela presença de pontos em regiões determinadas, que quando pressionados tornam-se mais dolorosos. Como critérios complementares ao diagnóstico, a presença de sono não-restaurador (acordar cansado, como se não tivesse dormido), além da presença de depressão ou ansiedade formam os critérios para pensarmos nesta situação. As mulheres apresentam estas queixas com uma frequência muito maior que os homens, principalmente entre os 30 e 55 anos.

A fibromialgia não é considerada clinicamente como uma doença estabelecida, pois faltam alterações de exames de laboratório, de imagem (Raios-X e outros) e também não existem danos estruturais nos músculos e nas regiões sintomáticas. Baseado nestas afirmações, eu prefiro considerá-la como uma condição dolorosa ao invés de uma doença.

Claro que, quando estamos atendendo um paciente com queixas de dores espalhadas pelo corpo, situação extremamente comum, devemos sempre afastar a possibilidade de outras doenças, como inflamações, problemas da tireoide, diabetes, doenças neuromusculares e ortopédicas.

Quando solicitamos exames para um paciente com possível fibromialgia, os resultados devem ser normais e servem, justamente, para afastar estas outras condições descritas acima.

Na maioria das vezes, o estresse, a depressão, mesmo em pequeno grau, a ansiedade, muito comum nos dias atuais, a insatisfação com situações diárias de trabalho e mesmo as domiciliares, fazem com que nosso sistema nervoso libere algumas substâncias que podem provocar ou amplificar a sensação dolorosa. A dor varia em intensidade e característica para cada paciente.

Devemos salientar que a fibromialgia não é uma situação incurável, que persistirá atormentando pelo resto da vida, como acreditam muitos pacientes. Uma avaliação médica criteriosa e uma boa orientação com relação ao uso de medicamentos, quando indicados, são suficientes para aliviar os transtornos dolorosos.

Os relaxantes musculares, os analgésicos comuns e os antidepressivos prescritos pelo médico são bastante efetivos na melhora das queixas.

Porém, esclareço que a melhora dos sintomas não é somente através do uso dos remédios. A colaboração do paciente é fundamental, principalmente em relação à prática de atividade física regular, que é o fator mais importante para a melhora.

Finalizando, recomendo aqui os meus ingredientes para que a fibromialgia não faça parte de sua vida, esperando que a receita abaixo esteja no menu de seu cotidiano:

Otimismo e visão positiva da vida. Entenda os sintomas da fibromialgia como transitórios e que apresentarão melhora;

Controle seu peso;

Mantenha-se ativo: faça atividade física orientada e adequada para sua idade;

Tenha uma boa noite de sono;

Evite situações conflitantes, que causem estresse e dissabores;

Siga as orientações de seu médico e evite tratamentos que não possuam comprovação científica.
 

Portanto: seja feliz!

Dr. Silvio Figueira Antonio
Médico Reumatologista do Hospital Cruz Azul de São Paulo
Médico assistente do Serviço de Reumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual SP
Coordenador da Comissão de Coluna Vertebral da Sociedade Brasileira de Reumatologia

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