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Febre Amarela

Febre Amarela

FEBRE AMARELA

24 de abril de 2017

Especialista em infectologia fala sobre essa doença que, no ciclo urbano, também é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti

A Febre amarela (FA) é uma doença infecciosa febril aguda, causada por um vírus do gênero Flavivirus e transmitida pela picada de mosquitos infectados e não de pessoa para pessoa.

A FA tem dois ciclos epidemiológicos bem distintos: silvestre e urbano.  No ciclo silvestre, os primatas (macacos) são os principais hospedeiros e os mosquitos transmissores têm hábitos estritamente silvestres, sendo os gêneros Haemagogus e Sabehes os mais importantes.  A doença é transmitida de macaco para macaco e o homem participa de forma acidental ao adentrar a mata.  No ciclo urbano, o homem é o hospedeiro e a doença é transmitida pelo vetor urbano – o mosquito Aedes aegypti. As manifestações clínicas são iguais nos dois ciclos com muitos casos graves e alta letalidade.

Não há ocorrência de FA Urbana no Brasil desde 1942. A forma silvestre estava situada principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste. Nos últimos 15 anos, houve uma expansão nos sentidos Leste e Sul do país culminando com o surto que estamos enfrentando em Minas Gerais e Espírito Santo.

A grande preocupação atual, além do combate à forma silvestre, é o ressurgimento da forma urbana, já que o seu transmissor – o já tão conhecido mosquito Aedes – está disseminado pelos municípios brasileiros.  É uma doença que pode evoluir com sintomas graves e, entre eles, a letalidade pode chegar a 50%.

Definimos atualmente como “caso suspeito”: quadro febril agudo (até sete dias), de início súbito, acompanhado de icterícia e manifestações hemorrágicas em pacientes residentes em áreas de risco ou procedentes de área de risco nos últimos 15 dias, não vacinados para FA ou com estado vacinal ignorado.

Há duas formas principais de prevenção:

1. Ações de controle e combate ao mosquito Aedes aegyptijá amplamente divulgadas nos últimos anos devido aos surtos de Dengue que têm ocorrido em nosso país.

2. Vacinação contra a Febre Amarela, conforme as indicações listadas pela Prefeitura de São Paulo.


Esquema Vacinal

Crianças de 6 a 9 meses de idade incompletos: residentes ou viajantes para áreas em situação de emergência epidemiológica.

Crianças de 9 meses até antes de completar 5 anos: 1 dose aos 9 meses de idade e 1 dose de reforço aos 4 anos. Se a criança não foi vacinada aos 9 meses exatos deve receber a dose da vacina e o reforço com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

Pessoas que receberam apenas uma dose da vacina antes de completar 5 anos de idade: devem receber o reforço ainda que sejam adultos, com intervalo mínimo de 30 dias entre as doses.

Pessoas a partir de 5 anos de idade que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação: administrar a 1ª dose da vacina + 1 dose de reforço após 10 anos.

Pessoas a partir de 5 anos de idade que receberam 2 doses de vacina: considerar vacinado.

Pessoas com 60 anos ou mais, que nunca foram vacinadas ou sem comprovante de vacinação: apenas após avaliação médica.

Gestantes, independentemente do estado vacinal: vacinação contraindicada. Na impossibilidade de adiar a vacinação (situações de emergência epidemiológica ou viagem para área de risco), o médico avalia o benefício/risco da vacinação.

Mulheres que estejam amamentando crianças com até 6 meses de idade: a vacinação deve ser adiada até a criança completar 6 meses de idade. Caso tenham recebido a vacina, o aleitamento materno deve ser suspenso por 28 dias após a vacinação.

Viajantes internacionais (conforme o Regulamento Sanitário Internacional – RSI) e para áreas com recomendação de vacina no Brasil (vacinar, pelo menos, 10 dias antes da viagem, no caso de primeira vacinação. O prazo de 10 dias não se aplica para revacinação).


Tratamento

O tratamento é sintomático, com controle da febre e da dor, sob-hospitalização. O paciente recebe analgésicos e antitérmicos, evitando uso de salicilatos (AAS e Aspirina). Deve receber hidratação adequada e reposição sanguínea se for necessário. Casos graves devem ser tratados em Unidades de Terapia Intensiva na tentativa de reduzir complicações e risco de óbito.
 

Fonte: Prefeitura de São Paulo (Informe Técnico – janeiro de 2017)

Por Dr. Aldo Luis Lembo Silveira
Médico Infectologista da Cruz Azul de São Paulo, do Instituto Emílio Ribas e do Hospital São Luiz (Anália Franco)

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