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AIDS prevenção

Zika Vírus

De olho no mosquito

20 de abril de 2016

Médico Infectologista explica sobre Dengue, Chicungunya e infecção por Zika Vírus

Temos no Brasil hoje um cenário com risco elevado de epidemias. Estamos enfrentando em vários Estados um aumento progressivo de casos de três doenças: Dengue, Chikungunya e Infecção por Zika Vírus, que apresentam várias similaridades: mesmo vetor de transmissão, o mosquito Aedes aegypti; semelhança nas manifestações clínicas; dificuldade de diagnóstico laboratorial (com exceção da Dengue); inexistência de vacinas e dificuldade de implementação e manutenção de medidas educativas e sanitárias de prevenção.

Diante disto, faz-se necessário organizar ações de prevenção e controle e promover assistência adequada aos pacientes. A melhor forma de prevenir é evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Cada cidadão tem que zelar pelo seu domicílio e arredores e o Estado pelas áreas comuns, evitando locais e objetos com “água parada”, que são os principais criadouros desse vetor.

Principais manifestações clínicas

Dengue

Febre alta, dor de cabeça, dores no corpo, dor retro-orbitária. O exantema, manchas vermelhas no corpo, aparece em 50% dos casos.  O surgimento de sintomas como vômitos, dor abdominal e qualquer sangramento é sinal de alerta de gravidade. A hidratação oral e/ou endovenosa é a principal medida de tratamento, além do controle da febre e das dores.  A Dengue, além dos sintomas clássicos e da Dengue hemorrágica, pode ter também manifestações neurológicas, cardíacas, pulmonares e gastrintestinais.

Chikungunya

Causada pelo vírus CHIKV, teve seus primeiros casos descritos em 1952. Em 2013, ocorreu uma grande epidemia no Caribe, depois disseminando-se para outros países da América Latina. A palavra Chikungunya vem de uma língua falada na Tanzânia que significa “aqueles que se dobram” em alusão às intensas dores articulares que a doença provoca. O quadro clínico caracteriza-se por febre, dores de cabeça, fadiga e o sintoma principal é a dor nas articulações. O processo febril agudo dura, em geral, em torno de uma semana, porém, as dores articulares podem se tornar crônicas e persistir por mais de três meses. Podem levar ao prejuízo na qualidade de vida e redução na produtividade das pessoas acometidas. Isso pode ter grande impacto econômico em áreas com grande número de pessoas doentes. O tratamento é sintomático, ou seja, medicação analgésica e anti-inflamatória.

Infecção por Zika vírus

Além da transmissão pelo mosquito, hoje estão sendo relatados casos de possível transmissão sexual. Também constam no quadro clínico: febre, dores no corpo e são mais frequentes o surgimento de manchas vermelhas no corpo e conjuntivite (vermelhidão nos olhos). Pode causar, após melhora da fase aguda, a Síndrome de Guillain Barré. Esta tem como característica a perda progressiva de força de membros inferiores estendendo-se de forma ascendente, tendo sua maior gravidade quando atinge os músculos da respiração levando à insuficiência respiratória.

Além desse quadro clínico, no Brasil, em outubro de 2015, o Estado de Pernambuco notificou aumento de casos de microcefalia em recém-nascidos. Esse aumento passou a ser atribuído à possível infecção pelo vírus Zika em gestantes. Atualmente, além desse problema congênito, os especialistas estão estudando outras possíveis complicações que podem surgir na gravidez. Sabe-se também que a infecção Chikungunya e a Dengue podem ser causas de abortamento e prematuridade.

Com todos esses dados descritos e conhecidos pela comunidade científica e pela população, entendemos a necessidade de prevenção com a participação de todos – Estado e população – no sentido de diminuir e amenizar a incidência dessas doenças e suas complicações. Além do controle de vetores, há medidas de proteção individual como uso de roupas que cubram a maior parte do corpo, mosquiteiros e repelentes a base de Icaridina ou DEET. Esses repelentes podem ser usados também por gestantes e crianças acima de dois anos.

Por Dr. Aldo Luis Lembo Silveira
Médico Infectologista da Cruz Azul de São Paulo, do Instituto Emílio Ribas e do Hospital São Luiz (Anália Franco)

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