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Câncer Colorretal

Câncer Colorretal

Informação: a melhor arma contra o câncer de intestino

20 de abril de 2016

Colproctologista da Cruz Azul explica sobre este tipo de câncer que é cada vez mais frequente nos homens


“Dr., se eu não forçasse, ele não viria à consulta…”. Tal frase é falada diariamente por esposas, mães e filhas nos consultórios, reforçando a impressão de que homens são mais cautelosos, para não dizer medrosos, em procurar atendimento frente a um sintoma que tenha aparecido recente e/ou repetidamente. Claro que para toda regra há uma exceção, mas, em geral, nós somos mais… deixe-me pensar, medrosos mesmo. Não há palavra melhor. Assumo.

Infelizmente, tal postura faz com que muitas vezes posterguemos consulta, demoremos para marcar os exames e até mesmo abandonemos o atendimento, com prejuízos a nós mesmos. Não obstante também ouvimos dos pacientes a frase: “Ufa. Graças a Deus, eu te disse que não era nada!”

Este cenário, ou calvário para alguns, é comum quando há sintomas, ou seja, existe um motivo para que o paciente procure por um atendimento médico.

Na ausência de sintomas, pode ser bem pior. E é quando os sintomas estão ausentes que o termo rastreamento deve e pode ser utilizado. As estratégias de rastreamento para diagnóstico precoce de câncer são objeto de discussões que envolvem aspectos de saúde pública e o número de mortes prematuras evitadas é estimado em 3 a 35% para todos os cânceres.

Datam da década de 1960 para o diagnóstico de câncer de útero as primeiras ações que tentam atingir pessoas assintomáticas e conscientizá-las quanto à importância de realização de exames de rastreamento, que são idealmente inócuos a quem se submete. Neste caso falamos do Papanicolau, descrito na década de 1920. Isto ilustra que foram necessários 40 anos para que se utilizasse em nível populacional. Desde então, os homens vêm perdendo de goleada. Vamos aos duros e reais números atuais. Mulheres que estão ativamente inseridas em estratégias de rastreamento de câncer de colo de útero: 60% a 80%.  Agora me diga: quantos homens estão inseridos em estratégia de rastreamento de câncer de próstata? Pois é.  Quem chutou algo em torno de 50% acertou.

O tabu que cerca o exame de próstata cai por terra quando comparamos com o exame realizado pelo ginecologista que é tão desconfortável quanto o do urologista. O problema não é o exame, o preconceito, a piada dos amigos, mas é o medo que temos de ter que nos deparar com um diagnóstico de uma doença grave.

Mas é exatamente a chance de diagnosticar uma doença grave, mas em um estágio inicial, que motiva os programas de rastreamento.

Em se falando de saúde masculina são comuns ações de mídia que estimulam a importante discussão sobre câncer de próstata. Mas vamos aproveitar esse espaço da Revista Cruz Azul para falar sobre o câncer de intestino que é o terceiro câncer em ocorrência no sexo masculino.

Não se pode evitar o câncer colorretal, ou de intestino, doravante CCR. Medidas consideradas saudáveis como atividade física, controle de obesidade, consumo de alimentos específicos podem reduzir o seu risco, mas não protegem totalmente. Por isso, a adoção destas medidas não substitui o rastreamento.

Recomenda-se que seja realizado rastreamento de CCR por algum método aos 50 anos e, no caso de antecedente na família de CCR, aos 45 anos ou 5 anos antes da idade do diagnóstico do primeiro caso. Confuso? Vejamos um exemplo: se o pai do Sr. João teve câncer aos 47 anos, o Sr. João iniciará o rastreamento aos 42.

Qual método para rastreamento? No Brasil o mais utilizado é a colonoscopia, mas pode ser realizado também um teste de pesquisa de sangue oculto nas fezes, associadamente a um exame menos invasivo que a colonoscopia, chamado de retossigmoidoscopia. Nome mais comprido, mas o exame é mais simples.

Por que vale a pena fazer os exames? Porque embora seja frequente, o CCR é tratável e sua forma pré-cancerosa, chamada de pólipo, é removida no exame de colonoscopia e tal remoção pode na maioria dos casos sanar o problema (cura próxima de 100%), impedindo a progressão para o câncer. Caso você tenha tido o azar de já ter câncer instalado, saiba que as chances são amplas, entre 50 e 90% respectivamente para os casos mais avançados e mais precoces. Os sintomas mais comuns do CCR são sangramento nas evacuações e alteração do ritmo intestinal, nem sempre presentes.

Mostramos que só tem câncer de intestino quem não foi informado. Essa desculpa você, leitor, não pode mais usar. Espero tê-lo convencido.

Se você identificou algum sintoma como os descritos no texto você deve procurar um médico. Só ele pode dar um diagnóstico preciso, através de exame físico e exames específicos.

 

Por Dr. Arceu Scanavini Neto
Médico do Hospital Cruz Azul de São Paulo
Cirurgião do Colon e Reto – Hospital das Clínicas da FMUSP
Membro fundador da Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (ABRAPRECI)

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